quarta-feira, 15 de junho de 2011

Análise - Duke Nukem Forever

Mamilos polêmicos e decepcionantes

"E então, Duke, o jogo é bom?", indaga uma colegial que acabara de dar um trato no mastro de nosso protagonista. "Sim", ele responde. "Mas depois de doze anos, tinha que ser". Esse é o diálogo que abre Duke Nukem Forever, e um que, infelizmente, não poderia estar mais longe da realidade. Foram cerca de quatorze anos de espera (embora o jogo não tenha passado todos eles em desenvolvimento) para aquela que é a maior decepção de 2011 com uma vantagem considerável e, quiçá, o título mais feio da geração.


 Ninguém esperava que fosse perfeito, apenas que chegasse no mesmo nível - ou perto - da última aventura do garanhão, que foi em Duke Nukem 3D - até porque ele se considera uma continuação do mesmo. O resultado final, por sua vez, parece um produto inacabado, com um padrão de qualidade inferior até mesmo aos dos jogos daquela época e pouquíssimas opções e/ou recursos que justifiquem sua compra. Em resumo, caso ainda não tenha entendido: Fail to the king, baby.


Batalha pessoal

O enredo se passa doze anos após os acontecimentos de DN 3D. Duke agora aproveita o melhor que a vida tem a oferecer, com colegiais, bebidas e aparições em programas de televisão. A situação começa a mudar quando os alienígenas voltam à Terra e, furiosos por terem sido humilhados em sua última tentativa de tomar o controle, começam a sequestrar todas as garotas - gostosas - do planeta, com o objetivo de atingir Duke onde dói. O plano dá certo, e nosso macho man volta à ação para ensiná-los mais uma lição e recuperar nossas beldades.

O jogo tem um estilo muito old-school, e o foco na história é quase que inexistente. Tudo serve como um pano de fundo para nos dizer porque Duke está lutando mais uma vez e, na melhor das alternativas, uma desculpa para mostrar as curvas perfeitas e os mamilos polêmicos das moças que caíram na mira dos invasores. É um enredo familiar, de fato, e basicamente o mesmo de antes. Não precisaria nem falar, mas não vá jogar esperando alguma surpresa ou reviravoltas sensacionais, Duke não serve pra isso.


De todo modo é bom notar que o humor do protagonista não diminuiu. As piadas seguem a mesma linha de antigamente e o objetivo do jogo é um só: provar que Duke é, na falta de um termo melhor, foda. Apesar de perder a linha em algumas piadas e conseguir pouco mais do que um olhar de decepção, você vai rir na maioria das vezes e tudo é tão impróprio quanto deveria ser. Levando em conta a série em geral, isso é o máximo que poderíamos esperar da narrativa e, felizmente, está tudo aqui.


Menos opções, mais frustração

A primeira impressão que você terá quando colocá-lo no seu console é a de que ele se parece muito com seu antecessor em termos de gameplay. Os comandos são os mesmos, o estilo da jogabilidade é o mesmo e você pode fazer as mesmas coisas que fazia anteriormente. Depois de alguns minutos, no entanto, você começa a perceber que a jogabilidade foi piorada de uma maneira inexplicável, quase ao ponto de torná-lo apenas mais um shooter de qualidade duvidosa. Quando se vai reproduzir alguma coisa, a tendência é melhorar, mas não para o Duke, aparentemente.

O bombadão tem uma nova barra de vida desta vez, que se chama, veja só, Ego. Seu Ego é o começo de todos os problemas, e um dos principais erros do jogo. Primeiro, ele é muito pequeno. Pode ser aumentado com objetos especiais encontrados nos cenários, mas as chances são de que fique pequeno até o fim da partida, e os inimigos estão mais poderosos, com ataques que podem esvaziá-lo em apenas uma porrada, fazendo com que você morra frequentemente e obrigando-o à procurar abrigo atrás de paredes e afins. Pra compensar, eles adotaram um sistema de regeneração automática, bem similar ao de jogos como Halo ou Gears of War, o que começa a descaracterização.


Nem mesmo este sistema consegue impedir que o personagem morra (os inimigos não param de avançar, dando pouca chance de recarregar sua energia) e, depois de morrer, você é obrigado a encarar uma tela de loading que parece quase infinita, e não tem o menor sentido de estar lá. Não é preciso ser um crítico pra identificar o grande problema de ter um jogo que te mata constantemente e que, depois disso, te faz esperar mais 40 segundos pra conseguir ter outra tentativa. Isso, é claro, deixando de lado o fato de que você precisa esperar mais 40 segundos pra carregar o seu save e encarar o loading mais uma vez sempre que passar de fase.

Se você conseguir aguentar isso tem direito ao tiroteio, lugar onde a mudança mais estúpida e desnecessária nasceu. Um dos grandes atrativos de Duke Nukem 3D era a habilidade de carregar várias armas ao mesmo tempo, te dando um leque gigantesco de possibilidades para enfrentar seus inimigos, até porque algumas funcionavam melhor contra oponentes específicos. Forever, por sua vez, só permite que você leve duas armas consigo. Isso não só limita a jogabilidade, mas também torna muito fácil que você morra após ficar sem balas, o que novamente nos leva à questão do loading infinito. É uma limitação sem sentido ou razão pra existir.

A série também contava com uma infinidade de itens que podiam ser utilizados em qualquer momento, como botas protetoras (para andar em lava ou esgotos), kits médicos, aparelhos para respirar debaixo d'água e a lista continua. Quase todos foram embora, também, e agora temos poucos como o esteróide e o holoduke durante a campanha individual, o que te deixa com ainda menos recursos do que antes. E o motivo da maioria desses itens não existirem mais é bem simples: as fases estão bem menos variadas. Você não vai nadar, ou passar por uma situação diferente do esperado. O jogo segue o mesmo ritmo o tempo inteiro.



Outro ponto importante: a estrutura do título, em geral, ficou mais "burra". Essa é uma franquia que, em tempos antigos, exigia que o jogador explorasse o cenário à fim de encontrar chaves especiais ou itens que permitissem acessar outras áreas da fase para, só assim, terminá-la. O que temos agora são áreas mais confinadas, com caminhos quase sempre retos e que exigem pouco, se não nenhum, raciocínio de quem está jogando. O "enigma" mais cabeludo pode ser resolvido em poucos minutos, e a maioria dos locais só exige que você mate os inimigos se quiser prosseguir.

Os inimigos ainda agem quase que da mesma forma de antes, mas tivemos algumas mudanças em sua inteligência. Agora parecem um pouco mais espertos, subindo em estruturas e se aproveitando de pontos mais altos para acertar quem está jogando. Isso os torna, ao mesmo tempo, muito mais irritantes, pois atacam à todo momento e você não tem muita chance de reagir quando todos correm na sua direção. A probabilidade é que suas balas acabem e, novamente, você seja presenteado com quase um minuto de espera até que bole uma estratégia para pegá-los.

O lado bom? Quando não está te dando dor de cabeça ou fazendo-o se arrepender de ficar animado com tal atrocidade, a experiência pode se tornar bem divertida. Matar inimigos acaba sendo recompensante e é legal explorar as opções espalhadas pelos cenários (como fazer pipoca no microondas ou jogar fezes na parede, se você gosta desse tipo de coisa). Deixando isso de lado há pouquíssima coisa para se fazer, considerando que ele só tem a campanha e o modo multiplayer, sem nenhum extra ou qualquer coisa que lembre um. É terminar, bater a cabeça na parede e deixar de lado, na falta de coisa melhor.


Mamilos feiosos

O subtítulo é batido, assim como o visual do jogo. Está certo, mais uma vez ninguém esperava por uma revolução, mas o que vemos nos gráficos de Forever são erros quase que imperdoáveis. Visualmente ele é o que você esperava de um jogo que ficou tanto tempo à caminho: tudo é muito serrilhado (muito mesmo, de verdade) e qualquer um pode notar como ele parece ultrapassado. Os gráficos já não ajudam, e a falta de coloração deixa a experiência com uma sensação morta, de algo que não empolga, só tem o efeito contrário. A idade se reflete em cada aspecto do título, como seus personagens, que não tem expressões faciais e mal abrem a boca quando falam.


 Isso seria aceitável, mas tudo piora quando vemos que, mesmo com todo o tempo de carregamento e o visual meia-boca, ele ainda consegue sofrer com texturas que demoram um tempo notável para carregar e quedas de velocidade estupidamente grandes em momentos que nem chegam a ser tão elaborados assim. É algo mal feito, em outras palavras, e que o coloca muito atrás de outros nomes atualmente no mercado. Quando você pega uma história já usada, piora o gameplay e tem visuais ruins, a obrigação é que rode perfeitamente, e nem isso ele consegue alcançar.

E então temos a dublagem. É uma coisa tosca, sinceramente, mas de alguma forma consegue tornar seu estilo brega em algo engraçado, e eu espero que esse tenha sido o objetivo dos encarregados pelo projeto. A maioria dos atores tem pouquíssima emoção em suas falas e os personagens e diálogos são tão clichês quanto poderiam ser. Basicamente todo mundo está lá com o único propósito de venerar o Duke e, depois que você acabar de sentir vergonha, pode até gostar de um modo estranho. Evitei falar da trilha sonora porque você provavelmente não a notará e, embora não tenha certeza, tenho a impressão de que nem mesmo está lá.


Conclusão

Falta de tempo (?), de recursos ou de vontade, muitos podem ser os fatores responsáveis pelo fracasso de Duke Nukem Forever. O título erra em todos os sentidos e passa longe de sobreviver ao hype que criou, não conseguindo nem atingir seu antecessor, lançado há mais de uma década. Não é recomendado para amantes de shooter que não conhecem a franquia, e também não é recomendado para fãs old-school que ainda sentem algum carinho por ela. Siga sua vida, e deixe-o passar. O rei não está de volta.

O Veredicto
História: 4 - A mesma coisa de antes, mas o humor consegue mantê-la interessante e divertir a quem joga.
Som: 5 - Dublagens horríveis - mas engraçadinhas - e uma trilha sonora que passará despercebida. Duke é o mesmo, de todo modo.
Gráficos: 3 - Serrilhados por toda parte e texturas que não carregam andando de mãos dadas com as terríveis quedas de velocidade. Erros por todo lado.
Gameplay: 5 - Loading....
Nota final: 4.2 - Péssimo.

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Confira um trailer do jogo:

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